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A união entre Literatura Infantil e Arte Educação para o trabalho com temas Étnico Raciais na Educação Infantil

A abolição da escravidão, em 1888, não significou que a população negra tivesse sua liberdade e seu modo de vida equiparados à vida da população branca não escravizada. A abolição foi um marco simbólico, mas não assegurou à população negra políticas de inclusão que garantissem a dignidade e o respeito necessários. Segundo o autor Chacon, com base nos pensamentos de Paulo Freire, no livro Pedagogia da Resistência, a educação deve alcançar a todos. Dessa forma, é necessário corrigir as lacunas que impediram o acesso à educação para os povos negros e evitar que novas barreiras se formem, garantindo educação para todos.

Freire nos apresenta a educação como “um processo contínuo que orienta e conduz o indivíduo a novas descobertas, a fim de tomar suas próprias decisões, dentro de suas capacidades”[1]. Perceber como esse processo vem se configurando como um privilégio nos leva a refletir sobre a importância de uma educação que dê conta de se constituir enquanto um direito público subjetivo, garantido por lei para todas as pessoas, independentemente de raça, cor, credo ou qualquer outra forma diversa de existência e de expressão. (CHACON, 2023)

Neste sentido, até os dias atuais, reflete-se na sociedade a valorização das matrizes de origem europeia, enquanto as matrizes de origem africana e indígena são pouco reconhecidas, matrizes estas que representam a grande maioria da população que forma o povo brasileiro. Como forma de resgatar essa lacuna existente na formação do Brasil, a educação antirracista tem o papel de despertar, nas práticas de ensino e aprendizagem, experiências e vivências que incluam a importância da população negra e dos povos originários na construção dos saberes e valores do nosso pais, ainda segundo o autor Chacon, com base nos pensamentos de Paulo Freire.

Portanto, uma das primeiras ações da prática docente promotora de igualdade racial, pautada na pedagogia freireana e compromissada com a educação das relações étnico-raciais, é a luta e a participação na reestruturação curricular em busca de conhecimentos, empoderamentos e prática educativa que supere a relação entre o opressor e oprimido, no ambiente escolar e acadêmico e nas relações sociais. É este compromisso que vai ajudar a direcionar “positivamente as relações entre pessoas de diferentes pertencimentos étnico-raciais, no sentido do respeito e da correção de posturas, atitudes e palavras preconceituosas”. (CHACON, 2023)

As relações étnico-raciais podem ser trabalhadas na educação por meio de diferentes metodologias e materiais, sendo um deles a literatura infantil. Por meio de contos e histórias, onde o negro e o indígena sejam os protagonistas, busca-se apresentar às crianças, de maneira lúdica, bonita e divertida, a cultura afro-brasileira e as culturas e manifestações dos povos originários.

Atualmente, existem muitos livros que trazem a cultura africana em seus contos, com personagens negros como protagonistas. Essas obras colaboram para a formação de diálogos importantes na construção da identidade e valorização de crianças e jovens negros, abordando temas como autoestima, cultura, cuidado pessoal, respeito ao próximo e diversidade.

Dessa forma, pretende-se cumprir o que estabelece a Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que define as diretrizes e bases da educação nacional, tornando obrigatória a inclusão da temática ‘História e Cultura Afro-Brasileira’ no currículo oficial da rede de ensino.

Simultaneamente, trabalha-se com as crianças e os jovens o desenvolvimento do gosto pela leitura, com ênfase na literatura afro-brasileira.

Contudo, é necessário manter o trabalho com esse tema como uma ação contínua, cultivando debates e abordagens sobre questões étnico-raciais ao longo de todo o ano letivo e com todas as turmas.

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